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29 de setembro de 2010

IT IS NOT POSSIBLE TO THINK OF DEVELOPMENT WITHOUT VALUING PEOPLE




It is not possible to think of development
without valuing people
Marcus Eduardo de Oliveira (*)


Development in its multiple manifestations, is not a question of having, but of being more. Sages and philosophers of all ages and all backgrounds prophesied about this. Gandhi argued that development would be good and fair only if the status of more modest are elevated. In defense of an economy with a more human face, Father Louis Joseph Lebret pointed out that development should not be viewed solely through an economic lens (material accumulation), but also by the social, ethical, political and moral. Adam Smith, keen to study the wealth of nations, said that true wealth is to be judged by the standard of living of families.

So well. If the premise is true that a good economy is one that works, the economy in order to function well and do justice to its status as a science belonging to the field of humanism needs to include people. That said, it is noteworthy that the inclusion of people is undoubtedly for assessing the standard of living of families. Inclusion is associated with well being.

It is by the inclusion of people, making them participants, can we then measure the axis of freedom and betterment of each. This implies, however, capturing the social reality. Put another way, this should be the main focus of economic concerns. It is no coincidence that there is a consensus to say that economic growth is accompanied by a flowering of freedom. Such freedom only becomes complete when it incorporates in its essence the most important imperative: social justice. In turn, social justice is another name for an economy that is built into the central idea you want to put progress in the service of the poorest. Those who drive (and participate) (d) modern economies - the economic agents - must be aware of this premise.

Definitely, you cannot think of development without valuing people, and it is not possible to speak about the growth of freedom and social justice knowing that a third of humanity is plunged into misery. Further delaying the solution of this enormous and inhuman problem is procrastinating the evolutionary scale of life. Before that, it is to insult the ability to live in balance and in harmony with themselves and others.

Now if every social problem requires an economic solution, then the economy is the height of solving this ignominy. Although, before action consensus is necessary. Why do we say this? Because the divergence in this case hardly divides and does not allow building the new. Let's see what the confusion and the pandemonium, in terms of conducting economic activity tends to be established, which prevents, above all, pointing and surveying the horizon clearly.

When it comes to economic matters, there is much more commonplace terms for dissension than consensus. Take the prism to try to understand the meaning of law and fact for development economists. In detail, some say the best policy would be development that enriches individuals. Others, more concerned with social reality, point out that the best policy is to disimpoverish the needy.

These are on the side of those who think before they need to destroy the foundations of poverty in order to solidify the economy and society with an ability to thrive without the most social cruel stains of modern times: hunger, poverty, social exclusion. The latter is still knowing that an economy goes bad and regresses when the speculation and the tricks of the financial market become more attractive than the creation of new activities that arise from new ideas that are, in turn, centered on the value of human capital.

When human capital (the intellect) is to be valued and included in terms of economic policies, the satisfaction of each one enhances the scale exponentially. If the central idea of the economy (both science and productive activity) is not the inclusion of people, the economy fails to make sense since this science was born to give good answers for how to improve the lives of each one.

To modern economists who base their actions on that line of thinking it is time to announce a message coming from the academy. From there, Edmund Phelps, Nobel laureate, says that "good is the economy that satisfies the desire for a good life." Anyone want a better life aspiration than to feel good and be included?

So if economists have a well-defined function that is certainly to be involved in the process of economic and social transformation. The economy and modern economists have, in terms of analysis and action, achieved social objectives. As it is not possible to think of development without valuing people. Without inclusion, there is definitely no progress!
 
(*) Economist and university professor. Specialist in International Politics and master FESP and USP. Writer's Portal EcoDebate "and Zwela News Agency (Angola). It's developer site "The Economist".
prof.marcuseduardo @ bol.com.br
http://twitter.com/marcuseduoliv

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13 de setembro de 2010

MODERNO E ARCAICO




Moderno e Arcaico

Marcus Eduardo de Oliveira (*)

O Brasil está com um pé no século XXI, mas o outro permanece fincado no século XIX. Essa característica dúbia, fruto da tardia transição entre a sociedade agrária para a sociedade urbano-industrial, faz do Brasil um país diferenciado capaz de conviver com realidades destoantes. A mais aguda delas certamente é a desigualdade social e, dentro dessa, realça o fator pobreza extrema.

Essa pobreza tem sido marcada pela fome, embora estejamos num país com mais de 600 milhões de hectares de terras férteis. No entanto, essas estão em poucas e mal aproveitadas mãos. Herança de 400 anos de latifúndio. Aqui a fome de muitos se mistura ao sucesso do agrobusiness. A falta de alimentos convive com a exportação de vitaminas, de carnes e de suco de laranja, ainda que incontáveis sejam as crianças que nunca tiveram a oportunidade de beber desse suco.

No passado, nos fizeram acreditar que bastava a economia crescer que os problemas sociais logo seriam resolvidos. Crescemos, e daí? De 1870 a 1980, o PIB cresceu mais de 150%. Daqui até 2030 crescerá também mais de 150%. No entanto, no primeiro intervalo de tempo mencionado, apenas concentramos mais que distribuímos todo esse crescimento. Somos o quarto pior país em termos de concentração de renda do mundo.

Ainda hoje não é raro encontrar aqueles que insistem em dizer que esse país se desenvolveu. Será? Não! A verdade é que apenas nos modernizamos, pois, como disse Celso Furtado, “como é possível falar em desenvolvimento com tanta gente atormentada pela miséria”. É assim, todavia, que convivemos com o moderno e o arcaico. Dessa forma, os problemas econômicos e sociais continuam se avolumando, e, pelo caminho, vai deixando suas vítimas estiradas ao chão. Exagero, dirão alguns. Creio que não.

Em pleno século XXI ainda há gente morrendo de fome nessas terras em que “se plantando tudo dá”. Essa patologia, por aqui, parece ser endêmica. Somos um país com capacidade de fabricar e exportar aviões, mas 1/3 das residências ainda não tem água encanada. Somos donos de uma das melhores cirurgias plásticas do mundo, mas os rostos enrugados de nossos idosos ainda são muito mal tratados pelos baixos salários baixos vindos do INSS. Os pés descalços de nossas crianças convivem com a exportação de calçados de primeira qualidade para o mundo rico. Continuamos a adoçar as bocas dos europeus, não a de nossa gente. Exportamos alimentos que não chega à mesa de muitos brasileiros. O tempo médio de escolaridade por aqui é semelhante aos dos países mais atrasados – menos de cinco anos. A dengue ainda mata gente. O analfabetismo (formal e digital) é alto e a desigualdade é parecida com a dos tempos feudais. Para arrumar a casa, falam em reformas. No entanto, elas não acontecem.

Quais seriam essas? Primeiramente, a tributária (hoje quem ganha muito paga pouco e quem ganha pouco paga muito); a social (ainda não foi consolidado o estado de bem-estar social, em que pese avanços assegurados pela Constituição de 1988), e, por fim, a agrária (que mantém intacta a estrutura fundiária oriunda das Capitanias Hereditárias). Esse somatório de situações apenas reforça a convivência do moderno com o arcaico.

(*) Economista e professor universitário.
Prof.marcuseduardo@bol.com.br

Ainda somos muito desiguais

"Ainda somos muito desiguais", publicado pelo "Tendências e Mercado".

Ainda somos muito desiguais

8 de setembro de 2010

Em 2030...



EM 2030...

Marcus Eduardo de Oliveira (*)


No decorrer do século XXI, o Brasil ainda apresenta uma faceta de problemas econômicos e sociais típicos do século XIX. Essa marca arcaica, talvez fruto da tardia transição entre a sociedade agrária para a sociedade urbano-industrial, é verificada nos indicadores sócio-econômicos que apontam dedo em riste para a consolidação do que há de pior em termos de desigualdade: a pobreza extrema.
Pobreza essa marcada pela fome de 30 milhões de brasileiros largados à própria sorte, situados abaixo das linhas de pobreza e de indigência – dependendo dos ganhos diário, segundo critérios estabelecidos pelo Pnud-ONU.
A pobreza extrema – patologia típica dos subdesenvolvidos – é o sinal mais agudo da exclusão social que ganha contornos mais marcantes quando se pensa que a economia brasileira – pujante de um lado (o econômico), mas cambaleante, de outro (o social) – faz do crescimento econômico apenas moeda de troca para benefício de uns poucos, à medida que convive pacificamente com a concentração da renda, sem levar em conta que, esse crescimento, por si só, não resolve esse tipo de problema que, em nosso caso, é endêmico.
O que pode sim atenuar a miséria desse século XXI num Brasil de vastas terras ociosas, e também por isso, com fome e sem emprego no campo, característica aliás de 400 anos de latifúndio, são as conhecidas e esquecidas reformas estruturais que ainda não foram feitas, mas que, para o bem de um projeto de Nação, ainda sonhamos com a realização delas, sem que as deixemos cair no onírico.
As reformas? Primeiramente, a tributária (livrando o enorme peso sobre as costas dos que ganham baixos salários, o que também impossibilita consolidar uma estrutura progressiva. Hoje, quem ganha muito paga pouco e quem ganha pouco paga muito); a social (que ainda não consolidou o estado de bem-estar social, em que pese avanços assegurados pela Constituição de 1988), e, por fim, a agrária (que mantém intacta a estrutura fundiária, cuja característica é ser muito concentrada). Fazer essas reformas e amenizar a chaga social da desigualdade é o desafio maior a ser enfrentado por quem se sentará na cadeira da presidência da República, a partir do primeiro dia de janeiro de 2011.
Soma-se a esses o surgimento de outro grande desafio: preparar desde o presente momento a estrutura econômica para enfrentar a escassez de mão-de-obra que acontecerá daqui a 20 anos. Isso mesmo: o Brasil que sempre teve mão-de-obra abundante para os serviços mais simples sofrerá uma reversão. Os serviços considerados mais simples, cuja baixa remuneração dispensa qualificação mais apurada, serão diminutos em 2030. Isso decorre de uma situação inusitada: de acordo com os demógrafos haverá uma considerável redução da nação. Daqui há 20 anos, portanto, em 2030, o número de nascidos será bem menor do que o número de mortes.
A estimativa é que teremos uma população em 2030 de 207 milhões, ante os 240 milhões que estavam previstos por estudos realizados pela demografia no início dos anos 1990
Isso se relaciona ao processo de envelhecimento da nação e, por conseguinte, aumenta a dificuldade na formação e capacitação de força nova no mercado de trabalho. Lembremos, nesse pormenor, que em 2008 havia no Brasil 3 milhões de pessoas com 80 anos ou mais; em 2030, confirmando as estimativas, esse contingente será superior a 20 milhões. Ou seja, em 22 anos ocorrerá um salto significativo. Até 2025, o Brasil, segundo a ONU, ocupará o sexto lugar no mundo entre os países com o maior número de pessoas idosas.
No que toca ao perfil da população, em especial ao envelhecimento populacional, hoje mesmo já não há política pública social adequada para lidar com esse fato. Faltam as mais singelas condições de acessibilidade aos idosos. Não há políticas focadas para a sociabilidade mínima que se exige num país que pretende ser chamado de “país sério”. Cabe também às ciências econômicas atentar para o estudo desse fato. Metodologicamente já há estudos interessados nessa perspectiva, chamando essa área do conhecimento de “Economia da Longevidade”.
Conquanto, se hoje as políticas desenhadas pela economia da longevidade são ainda incipientes, espera-se que numa situação onde teremos mais idosos, como será o caso em 2030, vários problemas estejam amenizados.
É desnecessário salientar que o tamanho de uma economia, com todas suas necessidades e potencialidades, está diretamente relacionada ao tamanho e ao perfil de sua população. Cabe lembrar, todavia, que, segundo projeções, em 2030 o Brasil estará entre as oito maiores economias do mundo, acumulando um PIB de US$ 2,5 trilhões. O PIB, de hoje até lá, crescerá 150%, apontando um crescimento médio de 4% ao ano. Seremos, em 2030, o quinto maior mercado consumidor do mundo – hoje ocupamos a oitava posição. Portanto, parece-nos que teremos todas as condições de bem atender essa situação quando lá chegarmos. Enquanto nação, a nossa concepção sempre foi a de cultuar a juventude. É hora agora de pensarmos no “clube da terceira idade” e propor a esses uma sociabilidade mínima, com respeito aos cabelos brancos que ajudaram a consolidar esse projeto de nação.
Márcio Pochmann, em recente entrevista, aponta bem essa problemática: “Um país com uma sociabilidade mínima exigiria centros de entretenimento, de lazer, de cultura de grande envergadura. Hoje, infelizmente, o nosso centro de integração é o shopping-center. Isso aí não é integração alguma, isso aí é mercantilização do tempo livre”.
Como podemos notar, os desafios continuam presentes, entra governo, sai governo. Resta-nos esperar e fazer votos que o próximo mandatário (ou a próxima mandatária) se sensibilize, de fato, em relação a isso e, desde o primeiro dia de trabalho, comece a desenhar políticas públicas para reverter essa situação. O tempo passa rápido. É hora de agir! 2030 está logo aí!


(*) Economista brasileiro, professor de economia e especialista em Política Internacional. Articulista dos sites “O Economista”, “Portal EcoDebate”, da Agência Zwela de Notícias (Angola) e colaborador do “Diário Liberdade”, da Galiza (Europa).
Autor dos livros “Conversando sobre Economia”, “Pensando como um Economista” e “Provocações Econômicas” (no prelo).
Contato: prof.marcuseduardo@bol.com.br
http://twitter.com/marcuseduoliv
http:blogdoprofmarcuseduardo.blogspot.com

6 de setembro de 2010

4 de setembro de 2010

ENCONTROS ACADÊMICOS

Com FREI BETTO, ago/2010.


Com IGNACY SACHS, dez/2009.



Com LADISLAU DOWBOR, out/2009.



Com CELSO FURTADO, jun/2003.



Com CRISTOVAM BUARQUE, mai/2001.



Com ALOÍZIO MERCADANTE, jun/1998.

3 de setembro de 2010

Why Does Everyone Talk About the Importance of Education but Few do Something to Improve It?


Why Does Everyone Talk About the Importance of Education but Few Do Something to Improve It?Publicado pelo PRAVDA, em sua versão inglesa.

Why Does Everyone Talk About the Importance of Education but Few Do Something to Improve It?Why Does Everyone Talk About the Importance of Education but Few Do Something to Improve It?

Hugo Eduardo Meza Pinto (*)
Marcus Eduardo de Oliveira (**)


Hypothetically, imagine the situation in Brazil after receiving two atomic bombs in any war. Imagine further, that all the pride of the country has been devastated, like its infrastructure and economic and social development. Compounding this scenario of pure imagination, imagine that Brazil has no wealth of natural resources (anything from the Amazon or Atlantic Forest) or the mineral wealth we now have.

In this imaginative exercise think now that the geographical area of that country was composed of volcanic islands vulnerable to earthquakes in the last degree on the Richter scale.

Imagined? It would be chaos, right?

If you think this is one of the world's worst case scenarios, be surprised to learn that in the last century, after the Second World War (after 1945), Japan had all these features described above, with the exception of natural resources in large scale.

However, even given all these constraints of structural and economic orders, this oriental country managed to overcome them with massive investments in a policy of long-term development, focusing on reconstruction of infrastructure and especially in the appreciation of education as an element of transformation. The Japanese educational policy focused specifically on the creation of technical courses supported by a policy of innovation applied at the base. Copy the best products, surpass them in quality, and the proposed goal was achieved by the Japanese. Result? In the 1980s, the then U.S. president Ronald Reagan (1911-2004), had to ask the Japanese Prime Minister Noboru Takeshita (1924-2000), that companies of his country, especially the automotive sector, stop selling cars in the U.S. market, since such action could cause the fall of General Motors (GM).

Not very long after these events, in the 1960s, South Korea sought a model of economic development to be able to move forward with South Korean companies. The socioeconomic indicators of the country were below the Brazilians, not counting the tiny home market. At the same time, Brazil was experiencing the fruits of the process via Import Substitution Industrialization (ISI), which was basically to protect the domestic market from international competition, thus ensuring a space for companies which were within the country (both domestic and multinationals). Such a practice would lead to a competitive process capable of making local businesses replace imported products, ensuring, in essence, a consistent and promising industrialization.

Korea, it is important to note, copied this model with some variations: 1) protected its industry while at the same time promoting competition in the world order, 2) as its domestic market was small, they opted to sell their products to the world, which obliged it, therefore, to make its industries take measured efforts with international leaders, particularly on issues of innovation and competitiveness, 3) conducted an extensive and symptomatic revolution in its education system.

The last demonstration in which this took place? Radical changes occurred in schools through the university level. Substantial investments in basic education have made South Korea think big, as the ruling class believed that education needed structural change. From there a culture of meritocracy was implanted to encourage education, increasing the number of hours of study. Today, after a decade of the new century, the South Koreans study twice as many hours as compared to Brazilian children.

South Korea emphasized specific points: improved teacher salaries, increased partnerships with the private sector in order to raise funds for education and promotion of technological innovation and, ultimately, involved the nuclear family in responsibility (co-participation) in the process of teaching and learning. They applied the sermon that together (government, families, businesses, students and teachers) all become stronger.

The figures underpin this statement: The budget for education in South Korea rose from 2.5% of its Gross Domestic Product (GDP) in 1951 to 22% in 1980 - in less than thirty years, a jump of more than 750% . The result was predictable: South Korea was the only country that managed to develop economically in a well structured form over the last quarter of the twentieth century.

Education: the key variable

In the examples cited, education appears as a decisive variable for the development of countries (Japan and Korea), and currently it is being worked in a cohesive manner for countries growing at considerable rates such as India and China.

This "variable" called education, was also the object of study by economist Theodore Schultz (1902-1998). Following the war, Schultz wondered why Germany and Japan, which were defeated countries physically ravaged by the crudity of bombs, recovered so quickly. Schultz's conclusion was that the speed of recovery of these countries was due explicitly to a healthy and highly educated population. He said a good combination of these two variables - health and education - weprefer to callit sentiment, would significantly increase the productivity and competitiveness of these and other countries who transited through these paths.

It was in this way - which was already highly familiar to many - that Schultz introduced a new key element for economic development: the Education Capital, which would later be identified as Human Capital. In essence, the know-how (savoir-faire) that Schultz prioritizes as a lever for development.

The work of Schultz, besides influential, particularly in the allocation of resources from developed countries (say Korea whose lesson was well learned and applied) was also on a list of staff development policies recommended by institutions like the World Bank, the International Monetary Fund and the UN itself, in its various reports and studies.

All these situations are well known and some are part of public domain. It is not through ignorance that, in some places, the promotion of education does not become a priority. Certainly the reasons for the neglect are different, with multiple facets.

History is replete with good examples. Examples of development guided by appropriate educational policies are also illustrative. Exiled in Chile during the 1840s, Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888) was commissioned to improve the Chilean educational system. On his return to Argentina, Sarmiento became the ninth president of the Republic (1868-74). During this period, he converted the Argentine educational system into a model of excellence. Soon the number of public schools doubled and more than 100 qualitatively unique public libraries were built. Even up to now, Argentines reap the fruits of this system. Not at random, five of our brothers have won the Nobel Prize, three focused on science, including physiology and medicine in 1947.

As for Brazil, the ones who put their feet first to colonize these lands have always wanted this to be a simple place, capable of producing and supplying useful items for metropolitan trade. By the end of the colonial period, this was the goal of the Portuguese empire. It follows that education came to be treated, on Brazilian territory, with mere negligence.

Education work sponsored by the Society of Jesus was removed from Brazilian reality. The first letters were not taught to the simple people, but the sons of the elite (children of the plantation owners). For the simplest (Indians and children of the settlers), teaching was in charge of converting them to the dictates of the Church. Thus, education in Brazil was born with an elitist paint, and continues today - just pay attention to the qualitative distance education for the deprived with the elevated who pay private monthly tuition payments and the still higher educational level and compare them with what is learned in public schools that lack chalk, chairs and, often, teachers are threatened with death in the peripheries.

The first university in Brazil and the five centuries of neglect

Of equal amount, the first university in Brazil was not born with a project to bring liberating and inclusive education, but only to flatter the European elite, granting the King of Belgium the title of Doctor Honoris Causa, in 1920, on account of his visit to the country. This is the seminal history of the current Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ), originally known as University of Brazil (UB). What led to this? The continued collapse of public power, begun with the Portuguese, for teaching in Brazil. Today, through the years that are running in the XXI century, we reap the bitter fruit of those badly-initiated public administrations in the sixteenth century. There are five centuries of neglect. Currently, the Brazilian educational system is highly inefficient to promote a break with the status quo and to promote, through knowledge, a policy of valuing the individual.

In Brazil, coming from the world of politics, being a politician with a refined Administrative vision, remains the banner unfurled by Cristovam Buarque. The "Revolution in Education" advocated by the current senator, unfortunately, has not yet reached the ears of the deaf central executive power. As few revolutionaries are within the meaning of the term utopian, Cristovam Buarque is a catapult for those feelings for a better world led by chalk and slate. With this, is packed a world of ideas guided by quality in education. Like him, there is Paulo Freire (1921-1997), Teixeira (1900-1971), Lourenço Filho (1897-1970) and Fernando de Azevedo (1894-1974). And yet, it remains to ask: how many of us know who they were and what they did?

Some day we will repent bitterly for the neglect with which we treat education. We will never be able to build a cohesive nation. And the gateway to this construction is well known: quality education, not quantity of education, merely for convenience.

Maybe that's why Celso Furtado (1920-2004), our most brilliant economist, rightly said that "we never developed, only modernized" because, in my view, development, through the lens of economics, implies a situation where there is an improvement in the state of life for those who compose the most simple strata of society. This leads us to say this is one of the few countries where the wealthy class seems to dislike the fact that the poor and simpler citizens may have the ability to study. It seems that "they" do notwant everyone in a better intellectual condition.

Not coincidentally, we have diametrically opposing social classes - from one side the "luxury," the other the "rubbish." Perhaps that is why we still have (as a nation) a mania about the times of slave society, since there are many who still consider manual labor a thing for little people without merit. A country that wishes to be classified as serious needs politicians to return back to the school bench, to make the first of the most basic lessons the development of the alphabet: to eradicate illiteracy, to qualify the individual and give them the opportunity to thrive in life. And that is not done with a mere 4.3 years of study that, on average, each Brazilian is sitting on a bench at school.

Finally, we must point out here that we seek only understanding of history. Is up to you, distinguished reader, to "discover" who are the guilty culprits for the neglect of education and, more importantly, understand why everyone talks about the importance of education, especially at election time, but few are they that do something to improve it. After all, as the Frenchman Bachelard would say, "the truth is the daughter of discussion." So let's provoke more than discussion. The time is ripe.

(*) Hugo Eduardo Meza é economista e doutor pela Universidade de São Paulo (USP). Diretor das Faculdades Santa Cruz, Curitiba.
(**) Marcus Eduardo de Oliveira é economista e mestre pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Política Internacional.
http://twitter.com/marcuseduoliv

1 de setembro de 2010

ENTREVISTA - Marcus Eduardo de Oliveira "O Homem no lugar dos números"


Nossa entrevista ao site carioca "Fazendo Media". Falamos sobre economia e a campanha presidencial.

O homem no lugar dos números
31.08.2010

“O juro elevado está fazendo sangrar a economia. Preferia não dizer que, em 2008, em termos de amortização das dívidas interna e externa, foram despejados no ralo mais de R$ 280 bilhões”, destaca o economista Marcus Oliveira. Às vésperas de mais uma eleição, reformas agrária e tributária, Bolsa Família e desenvolvimento sustentável são temas presentes nos discursos dos presidenciáveis. De acordo com Marcus Eduardo de Oliveira, economista e mestre em economia pela USP, não há segredo. Para o país evoluir economicamente, o trabalho a ser feito deve diminuir a pobreza e não aumentar a riqueza. Mesmo que, para alguns, isso seja lógico, o professor não se considera um economista tradicional diante da opinião dominante.

- Uma economia só funciona quando coloca as pessoas em primeiro lugar. A economia é feita pelos homens e para os homens – afirma o professor.

O que Marcus considera o maior problema enfrentado pelo Brasil atualmente, não está na pauta principal das últimas aparições dos candidatos: o preço do dinheiro.

- O juro elevado está fazendo sangrar a economia. Preferia não dizer que, em 2008, em termos de amortização das dívidas interna e externa, foram despejados no ralo mais de R$ 280 bilhões. Conceitualmente falando, juros elevados impedem novos investimentos, à medida que torna atrativa a especulação financeira. Novos investimentos gerariam empregos, que geraria salários, que faria o comércio ser ativado, que melhoraria as vendas da padaria, da farmácia, do mercadinho da esquina.

Marcus explica que, dessa forma, parte dos recursos que deveria ser investida em infraestrutura acaba sendo direcionada para o pagamento de “dívidas estúpidas” que prejudicam a economia.

Marina, “um Lula de saia”

Mas será que os eleitores entendem o que dizem os candidatos quando falam sobre economia? Para Marcus, não é por acaso que Marina Silva e Plínio de Arruda têm menos intenções de voto nas pesquisas.

- Os últimos dados do TSE mostram que somos uma nação com 136 milhões de eleitores. No entanto, ao analisarmos esse número devemos levar em consideração que mais de 53% dos eleitores são pessoas com pouco ou nenhum nível escolar. Nesse país, há 27 milhões de eleitores analfabetos ou que apenas sabem ler e escrever. Do eleitorado brasileiro, 33% têm apenas o primeiro grau. Fora isso, há um tipo específico de eleitor que é, por natureza, totalmente despolitizado.

As estatísticas apresentadas pelo professor são, em sua opinião, o motivo pelo qual propostas mais consistentes não são bem recebidas pela população, principalmente em se tratando de economia, algo que assusta quando não se tem tanta intimidade com o assunto. Porém, a fórmula para desmistificar o tema, segundo Marcus, foi resolvida por Lula. O uso de metáforas e um discurso mais simples, na sua visão, colaboram para que todos entendam o que está sendo dito.

- Quando Marina Silva fala em desenvolvimento econômico sustentável, esse assunto não chega com clareza para metade do eleitorado brasileiro. É preciso trocar o termo economia sustentável para algo mais palatável como, por exemplo, afirmar uma economia que respeita as condições do meio ambiente, uma economia que não agrida a floresta, os rios, que não provoca a devastação ambiental. O Plínio também sofre esse mesmo problema. Não adianta ele falar que é contra a privatização, contra os capitais especulativos ou a rolagem e amortização das dívidas interna e externa. É necessário falar que não vai vender nenhuma empresa, que é contra o pagamento de juros abusivos aos agiotas do mercado financeiro e que os capitais dos gringos estão entrando aqui apenas para aproveitar as facilidades oferecidas. Nem mesmo o termo “juros básicos” (Selic) deveria ser comentado quando se pensa em atingir metade do eleitorado.

O economista aposta que se Marina tornar seu discurso mais compreensível para todos, ela tem boas chances de ocupar o cargo de presidente em poucos anos. Em sua opinião, ela seria “um Lula de saia”.

Reforma Agrária

- Assim como fomos o último país das Américas a acabar com a ignomínia da escravidão, um dos lados mais sujos de nossa curta história, seremos também o último país a fazer reforma agrária – se é que um dia a faremos – afirma.

O economista se sente indignado ao ter que dar aula e dizer aos alunos que “somos um país com 800 milhões de hectares agricultáveis dos quais 200 milhões estão parados”. Para ele, os anos em que Lula esteve à frente do governo era o momento ideal para se firmar uma parceria com o Movimento Sem Terra (MST), mas fica em dúvida se o caminho para o sucesso na distribuição das terras ainda seja uma reforma.

- Talvez devêssemos pensar numa “revolução” agrária. Quem sabe por meio desse tipo de ruptura, ainda que de forma radical, a coisa aconteça. É hora de o movimento popular, em especial o MST, a Via Campesina, e os camponeses que estão esquecidos e largados num canto qualquer, sofrendo as mazelas do latifúndio, começar a pensar nisso. A história mostra que quem fez reforma agrária avançou, e quem não fez regrediu ou estagnou.

"...fomos o último país das Américas a acabar com a ignomínia da escravidão, um dos lados mais sujos de nossa curta história, seremos também o último país a fazer reforma agrária – se é que um dia a faremos", afirma Marcus.

Marcus garante que, no governo Lula, nem reforma agrária, nem tributária e nem judiciária aconteceram. Fato que ele considera uma lástima. O professor explica que a concentração de terras é algo culturamente enrraizado na sociedade brasileira no momento em que ainda éramos colônia.

- Aquela estupidez chamada Capitanias Hereditárias apenas plantou raízes do latifúndio. O fato é que nascemos divididos em 15 faixas de terra entregues a membros da Corte. Perceba então que a reforma agrária foi feita pela elite e para a elite. Isso é patológico.

Crescimento desenfreado X desenvolvimento sustentável

Os presidenciáveis mais populares ressaltam o crescimento e o desenvolvimento do país em larga escala. Já Marina Silva fala em formas sustentáveis de crescer. Ainda que longe de ocupar o cargo, propostas como as da candidata, que conciliam meio ambiente e desenvolvimento, são, na opinião de Marcus, urgentes e desejáveis. Porém, para ele, é necessário entender melhor a relação entre o desenvolvimento de uma economia saudável e o crescimento exacerbado.

- O modelo econômico a ser implantado, caso se queira, de fato e de direito, construir uma sociedade fraterna e menos injusta, deve trocar o crescimento, quantidade, por desenvolvimento, qualidade. Ainda que alguém entenda o contrário, é perfeitamente possível se desenvolver sem necessariamente crescer. Quando o crescimento apenas contribui para concentrar ainda mais a renda nas mãos de uma minoria que continua sendo privilegiada, a noção de igualdade de oportunidades – que a maioria tanto clama – se afasta ainda mais. Ainda hoje, o crescimento da economia é visto, não raras vezes, como santo remédio capaz de curar todas as enfermidades econômicas e sociais. Acontece que isso é um estupendo engano. Pobreza, miséria, fome não se acaba com crescimento da economia. Ele é apenas uma plataforma quantitativa da economia. Não adianta ter 40 milhões de usuários da rede internet e 90 milhões de aparelhos de telefonia celular se ainda tivermos 40 milhões de pessoas famintas, alguns milhões de brasileiros dormindo ao relento nas grandes cidades e milhares de crianças cheirando cola nas esquinas. Essa economia quantitativa, medida em números, não leva a nada.

Alinhando desenvolvimento e crescimento, o economista acredita que o grande tema das futuras campanhas políticas será o meio ambiente, porém, para que isso aconteça, ele garante ser necessário um “casamento harmonioso” entre economia e ecologia. Marcus conta que seus colegas de profissão ainda vêem a questão ecológica com ressalvas.

- A economia e o meio ambiente sempre andaram de mãos dadas. Esse distanciamento não era para ocorrer. A economia não pode se sobrepujar ao meio ambiente. É preciso ter clara a noção de que a economia só existe porque antes dela existem as relações da natureza que nos condiciona à vida.

Na opinião de Marcus, é explicando a relação entre crescimento, desenvolvimento e ecologia, que Marina deveria direcionar sua campanha para obter mais aceitação.

A gestão Lula e sua sucessão

- Ter emprego é estar dentro da perspectiva do desenvolvimento. E buscar o desenvolvimento é se libertar. Nós, economistas, temos clara a noção de que desenvolvimento liberta. Nisso me parece que não há dissenso.

Apesar de pensar que, no lugar do Bolsa Família, o governo deveria ter gerado emprego para todos, Marcus afirma que é inegável os benefícios que a gestão de Lula trouxe para as classes menos favorecidas e que, por sua popularidade, o atual presidente ganhará na história o espaço que já foi ocupado por Getúlio Vargas como pai dos pobres.

- Como a administração FHC foi marcada pela estabilidade da moeda, com um plano Real que acomodou o nível geral de preços, a administração Lula é e será vista pelos brasileiros como a “administração do social”.

Ainda que mais voltado para camadas economicamente prejudicadas, Marcus diz que Lula também fez também por classes com mais poder aquisitivo, e cita o aumento do número de viagens aéreas. Para o economista, quem lota os saguões dos aeroportos é a classe média, favorecida pelos baixos preços das passagens.

Diante de tantos feitos, sem querer desmerecer Dilma Roussef, Marcus acredita que ,elegendo a candidata, os eleitores acreditam estar reelegendo Lula. Ele ressalta que não quer dizer com isso que o presidente continuará no comando da administração. A transferência de votos, em sua opinião, demonstra apenas a vontade dos brasileiros de continuar a ver a figura do presidente no cargo.

A seguir comentários de alguns leitores:

Comentários
Comentário de Marco Antonio Mira Palma
Em 31/08/2010 às 16:09

Ótimo texto sobre a “era Lula”. Concordo com o Prof. Marcus, quando cita os benefícios trazidos aos menos favorecidos, como o Bolsa Família. No entanto, entendo que o que de fato faltou e continua faltando ao Brasil, é um projeto de desenvolvimento econômico e social, onde se pense economia, meio ambiente, fontes de energia alternativas, desenvolvimentos regionais com geração de empregos (exemplo:Nordeste). Em 2014 haverá a Copa, o maior evento esportivo do mundo, e o que o governo fará para capacitar sua população (exemplo- cursos de idiomas, atendimento ao turista, etc), gerar empregos com o turismo na Copa e pós-Copa, enfim, exemplos assim que considero “pensar adiante” , de modo sustentável e com desenvolvimento, agregando valores à sociedade …

Comentário de Nacir Sales Em 31/08/2010 às 19:42

O Professor Marcos Oliveira é respeitado pelo que pensa e faz.
E nós, os Animais Humanos, não devemos pensar e fazer a mesma coisa que o outro para respeitar o outro: a diversidade nos valoriza, nos retira inclusive a possibilidade de sermos percebidos como mais um parafuso na caixa, mais um eucalipto na floresta artificial.
O HOMEM NO LUGAR DOS NÚMEROS é um inicio? O marco seguinte é O HOMEM NO SEU LUGAR NA NATUREZA?
A economia é ciência antropocêntrica por natureza. Sua natureza não considera o Direito da Natureza, mas o direito do homem de exercer o seu domínio sobre a natureza. Um mineral, por exemplo: se pode ser explorado é minério, se não pode é mineral… a diferença está em PODER e na EXPLORAÇÃO.
Colocar O HOMEM NO LUGAR DOS NÚMEROS é um início da mea-culpa na ciência econômica: soa mais justo mais homens com O PODER DA EXPLORAÇÃO, mais justo tendo o homem no centro, como o dono da balança de medir a Justiça. Pergunte ao boi, pergunte ao pássaro, pergunte ao Rio: é Justo colocar o HOMEM NO LUGAR DOS NÚMEROS? Certamente que Rios, Árvores e Animais Não Humanos não concordariam que haveria uma real modificação do quadro de injustiça a que estão submetidos, como massa de dominação da economia, esteja um ou todos os homens no lugar dos números.
Extremamente difícil mudar o status: Árvore não vota, Rio não tem título acadêmico e Animal Não Humano não distribui cargos e benefícios como no jogo da barganha política.
Necessito apostar na modificação do posicionamento do homem: será ele capaz de pensar e agir como sendo o que é? E o que é o homem? “O centro!”, responderão as ciências.
Eu não sou centro, não sou periferia: sou Animal Humano, posicionado em meu lugar… na natureza.

Comentário de Rui de Carvalho
Em 31/08/2010 às 19:55

Prefiro investir no conhecimento!

Comentário de Carlos
Em 31/08/2010 às 22:02

Nacir, acredito que o título da matéria é apenas uma simbologia para mostrar uma idéia de economia mais social. A entrevista mostra o bem social, que logo envolve o animal humano, no lugar de uma economia que só contabiliza e visa o lucro. Se você ler a entrevista perceberá um sentido menos literal e mais simbólico do título!

Comentário de João Em 31/08/2010 às 22:05

E nas ciencias economicas, o homem deve ocupar o lugar dos números! Só assim o bem estar economico será possível.

Comentário de Pedro Aurélio de Mello
Em 31/08/2010 às 23:09

O posicionamento do professor Marcus Eduardo me parece correto. Como economista ele faz a mea-culpa reconhecendo que sua disciplina não respeita a natureza e nem os homens. Daí a necssidade, muito bem reiterada por ele, de “colocar os homens no lugar dos números”. Quem ficoi com dúvida da esfera de economia social levantada pelo intelectual – por sinal esse pessoal das ciências econômicas gostam de explanar de maneira as vezes pouco compreensiva – devria reler a entrevista. Nesse caso, o professor foi claro e preciso. Concordo com ele.
Pedro Mello

Comentário de Diego Marchiori Simião Em 01/09/2010 às 9:43

Concordo plenamente que a economica existe em prol do homem e não dos sistema.
É vergonhoso infelizmente ainda não termos realizado a reforma agrária, e termos tanta desigualdade dentro de imenso potencial.
Por outro lado, somos nós os responsáveis por fazer a mudança, cada um de nós.
O Brasil tem condições de revereter seu cenário de desigualdade, e ser um país sério.

Diego Marchiori

NÃO HÁ EMOÇÃO NO ESTADO



NÃO HÁ EMOÇÃO NO ESTADO
Frei Betto


Época de eleição é época de desvarios. A razão costuma entrar em férias e a sensibilidade fica à flor da pele. Em família e no trabalho, no clube e na igreja, todos manifestam opiniões sobre articulações políticas e candidatos.
O tom varia do palavrão a desqualificar toda a árvore genealógica do candidato à veneração acrítica de quem o julga perfeito. A língua se espicha em sete léguas para difamar ou louvar políticos. Marido briga com a mulher, pai com o filho, amigo com amigo, cada um convencido de que possui a melhor análise sobre os candidatos... e todos parecem ignorar que vivemos numa relativa democracia em que reina a diversidade de forças políticas, embora impere a ideologia das elites dominantes.

Há um terceiro grupo que insiste em se manter indiferente ao período eleitoral, embora não o consiga em relação aos candidatos, todos eles considerados corruptos, mentirosos, aproveitadores e/ou demagogos.

Haja coração!

O problema é que não há saída: estamos todos sujeitos ao Estado. E este é governado pelo partido vitorioso nas eleições. Portanto, ficar indiferente é uma forma de passar cheque em branco, assinado e de valor ilimitado, a quem governa. E tanto o governo quanto o Estado, com o perdão da redundância, são absolutamente indiferentes à nossa indiferença e aos nossos protestos individuais.

É compreensível uma pessoa não gostar de ópera, jiló, viagem de avião ou da cor marrom. E mesmo de política. Impossível é ignorar que todos os aspectos de nossa existência, do primeiro respiro ao último suspiro, têm a ver com política.

Já a classe social em que cada um de nós nasceu decorre da política vigente no país. Houvesse menos injustiça e mais partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano, ninguém nasceria entre a miséria e a pobreza. Como nenhum de nós escolheu a família e a classe social em que veio a este mundo, somos todos filhos da loteria biológica. Nossa condição social de origem resulta de mero acaso. E não deveria ser considerado privilégio por quem nasceu nas classes média e rica, e sim dívida social para com aqueles que não tiveram a mesma sorte.

Somos ministeriados do nascimento à morte. Ao nascer, o registro vai parar no Ministério da Justiça. Vacinados, vamos ao Ministério da Saúde; ao ingressar na escola, ao da Educação; ao arranjar emprego, ao do Trabalho; ao tirar carteira de motorista, ao das Cidades; ao aposentar-se, ao da Previdência Social; ao morrer, retornamos ao Ministério da Justiça. E nossas condições de vida, como renda e alimentação, dependem dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, e do modo como o Banco Central administra a moeda nacional e o sistema financeiro.

Em tudo há política. Para o bem ou para o mal. Posso não saber o que a política tem a ver com a conta do supermercado ou o valor da matrícula escolar. Muitos ignoram que a política se faz presente até no calendário. Não que determine as estações do ano, embora tenha tudo a ver com os efeitos, como inundações, secas e desabamentos. Já reparou que dezembro, o último mês do ano, deriva de dez? Novembro de nove, outubro de oito, setembro de sete?

Outrora o ano era de dez meses. O imperador Júlio César decidiu acrescentar um mês em sua homenagem. Assim nasceu julho. Seu sucessor, Augusto, não quis ficar atrás. Criou agosto. Como os meses se sucedem na alternância 31/30, Augusto não admitiu que seu mês tivesse menos dias que o do antecessor. Obrigou os astrônomos da corte a equipararem agosto e julho em 31 dias. Eles não se fizeram de rogados: arrancaram um dia de fevereiro e resolveram a questão.

O Brasil será, a partir de 1º de janeiro de 2011, o resultado das eleições de outubro. Para melhor ou para pior. E os que irão governá-lo serão escolhidos pelo voto de cada um de nós. E graças aos impostos que pagamos eles irão administrar - bem ou mal - os bilhões arrecadados pelo fisco, incluídos os salários dos políticos e o custo de seus gabinetes e respectivas mordomias.

Faça como o Estado: deixe de lado a emoção e pense com a razão. As instituições públicas não têm vida própria. São movidas por políticos e pessoas indicadas por eles. Todos esses funcionários públicos, a começar do presidente da República, são nossos empregados. A nós devem prestar contas. Temos o direito de cobrar, exigir, pressionar, reivindicar, e eles o dever de comprovar como respondem às nossas expectativas.

Convença-se disto: a autoridade é a sociedade civil. Exerça-a. Não dê seu voto a corruptos nem se deixe enganar pela propaganda eleitoral. Vote no seu futuro. Vote na justiça social, no direito dos pobres à dignidade, na soberania nacional.

Autor de "Calendário do Poder" (Rocco), entre outros livros.
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